Grande exposição sobre Álvaro
Cunhal abre no sábado, no Terreiro do Paço

Tributo a uma vida<br> e um pensamento ímpares

É inau­gu­rada no sá­bado a grande ex­po­sição evo­ca­tiva de Álvaro Cu­nhal «Vida, Pen­sa­mento e Luta: Exemplo que se pro­jecta na ac­tu­a­li­dade e no fu­turo», pa­tente na Sala do Risco do Pátio da Galé (no Ter­reiro do Paço) até ao dia 2 de Junho. Esta é uma opor­tu­ni­dade única para co­nhecer – ou re­cordar – as di­versas di­men­sões da­quela que é uma das mais fas­ci­nantes fi­guras da his­tória de Por­tugal.

A ex­po­sição va­lo­riza o vasto con­junto de di­men­sões de Álvaro Cu­nhal

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A poucos dias da inau­gu­ração da ex­po­sição – cuja aber­tura ofi­cial terá lugar às 15 horas de sá­bado numa sessão que conta com a in­ter­venção de Je­ró­nimo de Sousa – o Avante! foi con­versar com al­guns ele­mentos do grupo de tra­balho que a está a pre­parar a fim de le­vantar um pouco o véu do que lá se po­derá en­con­trar.

Ao nível do texto, a ex­po­sição en­contra-se or­ga­ni­zada de forma cro­no­ló­gica, até certa al­tura, pas­sando de­pois para uma abor­dagem de di­versas di­men­sões – po­lí­tica, hu­mana, ar­tís­tica – e ele­mentos que são trans­ver­sais ao pen­sa­mento e à acção de Álvaro Cu­nhal ao longo da sua vida e ac­ti­vi­dade re­vo­lu­ci­o­nária. As suas pre­o­cu­pa­ções e re­fle­xões com a luta dos tra­ba­lha­dores, da ju­ven­tude ou das mu­lheres, por exemplo, não são ex­clu­sivas de ne­nhuma época ou con­jun­tura his­tó­rica, antes se de­sen­volvem ao longo dos anos.

No que se re­fere à con­cepção plás­tica do es­paço, será criado um per­curso que le­vará o vi­si­tante a per­correr os di­versos pe­ríodos da vida de Álvaro Cu­nhal e a tomar con­tacto com as vá­rias di­men­sões da sua ex­tra­or­di­nária per­so­na­li­dade. Al­guns dos mais re­le­vantes as­pectos serão apre­sen­tados com re­curso a re­cons­ti­tui­ções es­cul­tó­ricas: é o caso da ti­po­grafia clan­des­tina e da bi­ci­cleta, fun­da­men­tais para a pro­dução e dis­tri­buição do Avante! nos tempos da clan­des­ti­ni­dade, pelo qual Álvaro Cu­nhal teve res­pon­sa­bi­li­dade di­recta du­rante vá­rios anos; da reu­nião de cé­lula; e da pró­pria cela da Pe­ni­ten­ciária de Lisboa em que es­teve en­car­ce­rado du­rante vá­rios anos, grande parte deles em com­pleto iso­la­mento. Quanto à cela, tal feito é pos­sível graças à co­la­bo­ração da di­recção da Pe­ni­ten­ciária, que cedeu plantas e ima­gens da época. «Era um sítio te­ne­broso, ne­nhum de nós faz ideia, nem os pró­prios presos que lá estão pas­saram ou irão passar por isso, fe­liz­mente», deixa es­capar Paulo Cou­tinho, um dos mem­bros do grupo de tra­balho, com ac­ti­vi­dade mais cen­trada nesta área.

Ví­deos sobre mo­mentos es­pe­cí­ficos da ac­ti­vi­dade de Álvaro Cu­nhal, pro­jec­tados em telas de mais de três me­tros de al­tura; fo­to­gra­fias sobre as mais va­ri­a­dís­simas si­tu­a­ções; o re­gisto so­noro de uma reu­nião clan­des­tina do Par­tido re­a­li­zada em 1963; ori­gi­nais dos seus de­se­nhos e pin­turas, al­guns muito pouco co­nhe­cidos; e ob­jectos de uti­li­zação diária de Álvaro Cu­nhal são ou­tras das sur­presas re­ser­vadas ao vi­si­tante da ex­po­sição. A di­mensão in­ter­na­ci­onal de Álvaro Cu­nhal será igual­mente des­ta­cada, através de ví­deos, fo­to­gra­fias e da pre­sença de li­vros seus, tra­du­zidos em vá­rias lín­guas.

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Va­lo­rizar uma obra e um per­curso ím­pares

O prin­cipal ob­jec­tivo da ex­po­sição é va­lo­rizar o vasto con­junto de di­men­sões da vida, do pen­sa­mento e da luta de Álvaro Cu­nhal, dis­seram os mem­bros do grupo de tra­balho – «sem termos a pre­tensão (nem a po­díamos ter) de as mos­trar todas, pois é im­pos­sível re­sumir a vida de um ser hu­mano com esta sin­gu­la­ri­dade numa ex­po­sição», sa­li­entou o de­pu­tado Mi­guel Tiago, que par­ti­cipou na re­dacção dos textos. Mas apesar das li­mi­ta­ções que po­derá ter, como qual­quer mostra sempre tem, esta ex­po­sição terá um «apro­fun­da­mento que não é comum» no tra­ta­mento dos as­pectos mais re­le­vantes da vida e da luta de Álvaro Cu­nhal.

Isto tem uma im­por­tância ainda maior quando há, hoje, «muitos mi­lhares de pes­soas que nunca viram Álvaro Cu­nhal, nunca es­ti­veram com ele, nunca o co­nhe­ceram», re­alçou Ale­xandre Araújo, do Se­cre­ta­riado do Co­mité Cen­tral, para quem a ex­po­sição per­mi­tirá a todos estes tomar co­nhe­ci­mento, entre ou­tros as­pectos, com o seu pen­sa­mento, a sua obra, a sua con­tri­buição para a cons­trução do PCP e para a Re­vo­lução de Abril, mas também co­nhecer a «fi­gura, a per­so­na­li­dade e o homem» que, «sendo uma pessoa única, era também uma pessoa como as ou­tras».

Mas a ex­po­sição tem um outro pro­pó­sito, adi­antou Mi­guel Tiago: pro­jectar na ac­tu­a­li­dade e no fu­turo, como diz o lema, a vida, o pen­sa­mento e a luta de Álvaro Cu­nhal, de modo a que os vi­si­tantes per­cebam que têm no PCP, no co­lec­tivo par­ti­dário em que Álvaro Cu­nhal se in­seriu e de que foi o prin­cipal cons­trutor, o por­tador desse exemplo.

Ho­rá­rios

Vi­sita

De terça a quinta-feira e ao do­mingo: das 10 às 20 horas.

Sexta-feira e sá­bado: das 10 às 22 horas.

Vi­sitas gui­adas (ins­crição no local)

De terça a quinta-feira e ao do­mingo: das 10h30 às 11h30 e das 16 às 17 horas.

Sexta-feira e sá­bados: das 10h30 às 11h30, das 16 às 17 horas.

Vi­sitas or­ga­ni­zadas

As vi­sitas or­ga­ni­zadas são su­jeitas a mar­cação prévia, através do en­de­reço de cor­reio elec­tró­nico mar­car­vi­si­ta­ex­po­sicao@pcp.pt.

A arte de bem re­ceber

Du­rante mais de 30 dias, largas cen­tenas de mi­li­tantes do Par­tido irão ga­rantir, a tí­tulo vo­lun­tário, o bom fun­ci­o­na­mento da ex­po­sição. Como conta Rosa Ra­biais, do Co­mité Cen­tral e res­pon­sável pelo fun­ci­o­na­mento, estes mi­li­tantes as­se­gu­rarão um sem nú­mero de ser­viços es­sen­ciais, entre os quais se des­taca a re­cepção aos vi­si­tantes, as ba­ga­geiras ou o acom­pa­nha­mento das vi­sitas. Também os tu­ristas, que acorrem ao local em nú­mero con­si­de­rável nesta al­tura do ano, terão opor­tu­ni­dade de re­ceber uma ex­pli­cação acerca da fi­gura ex­cep­ci­onal que é Álvaro Cu­nhal. A di­ri­gente do Par­tido des­tacou ainda a qua­li­dade e di­ver­si­dade da pro­gra­mação do au­di­tório, que pu­bli­camos na pá­gina 6.



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